85 por cento da produção da mandioca vem da agricultura familiar
A produção nacional de mandioca supera 20 milhões de toneladas por ano. A região Nordeste é a principal produtora, responsável por 31, 24% da produção nacional. Planta nativa do Brasil, presente em dezenas de pratos da culinária nacional, a mandioca tem uma cadeia produtiva com características e desafios próprios. Para discutir essa cadeia no processo de desenvolvimento econômico, o setor realiza, até o próximo sábado (25), o XV Congresso Brasileiro de Mandioca, em Salvador (BA).
“Mais de 85% da produção da mandioca vem da agricultura familiar, sendo que quase um milhão de trabalhadores do campo cultivam a planta. A cultura é expressiva e importante para a segurança alimentar no país, além de ter um potencial para exportação”, afirmou o secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA), Valter Bianchini, na abertura do Congresso.
O evento, que começou na noite de segunda-feira (21), tem, nessa edição, como tema: Inovação e sustentabilidade: da raiz ao amido. O encontro conta com debates com foco na sustentabilidade ao longo de todo o processo de produção, partindo da matéria-prima (raiz) até um dos principais produtos da cadeia, o amido.
Bianchini apontou que a produtividade vem aumentando e destacou a importância da parceria com instituições de pesquisa para transferência de tecnologia para os produtores, visando aumentar a produtividade, respeitando as variedades da cultura. “Temos como fazer um trabalho otimizado e utilizar o conjunto de conhecimentos”, observou.
O secretário do MDA também citou ações e políticas do Ministério disponíveis para os produtores. Entre elas, o Microcrédito B, crédito para agricultores de mais baixa renda, o Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF) e os programas de compras institucionais – a mandioca é adquirida pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
“A planta que nasceu no Brasil tem forte papel na segurança alimentar para os povos indígenas e parte da população brasileira até hoje”, ressaltou o chefe-geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Domingo Haroldo Reinhardp. “Apesar do enorme potencial da cultura, a área de produção tem sofrido redução contínua”, atentou. Entre os objetivos do evento está a discussão de como aumentar a produção e a produtividade desta cultura.
Durante o evento, ocorrem três conferências, além de mesas redondas, apresentação de trabalhos científicos, nove minicursos, demonstração de resultados de pesquisas e rodada de negócios. No Congresso ocorre também a Feira da Agricultura Familiar e o Festival Gastronômico – com pratos feitos à base de mandioca. Participam do evento agricultores, pesquisadores de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), bem como demais envolvidos na cadeia produtiva da planta.
Planta resistente
Rústica, resistente a pragas e doenças. Essas são algumas características da mandioca. “É a planta mais rústica das culturas, que exige menos quantidade de água e tem maior resistência ao calor”, diz o agricultor e agrônomo Izaltiene Rodrigues Gomes, 52 anos, do município de Barra do Choça, na Bahia.
Izaltiene é presidente da Cooperativa Mista Agropecuária dos Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia (Coopasub). A cooperativa reúne 2.305 agricultores, produtores que têm, em média, cinco hectares, e todos eles produzem mandioca. Para ele, que também é secretário-executivo da Câmara Setorial baiana de Mandioca e Derivados (que propõe políticas para o setor), as principais necessidades para a cadeia produtiva local são: projetos de apoio à comercialização, recursos para assistência técnica, mecanização agrícola, desenvolvimento de agroindústrias.
Mais de 100 países produzem mandioca. Segundo levantamento da FAO realizado em 2007, o Brasil participa com 12% da produção mundial, sendo o segundo maior produtor do mundo, ficando atrás apenas da Nigéria (20%). A planta é cultivada em todos os estados brasileiros e está entre os oito primeiros produtos agrícolas do País (em área cultivada) e o sexto em valor de produção.